Artigo publicado no 40 Congresso da SZB
http://www.40congressoszb.com.br
HIPERADRENOCORTICISMO
EM HAMSTER (Mesocricetus auratus)
(RELATO DE CASO)
ORTIZ,
M. C. 1,
ALVES, R. H. C2,,
TESTA, M. F3,
SOUSA, C. R.4,
LEMOS, R. L. O5
1 -
Doutoranda em Zoologia na UFMG. 2- Med. Vet. Autônomo Dermatologista. 3 -
Acad. Med.Vet. Newton Paiva. 4- Acad. Med. Vet. PUCMinas. 5 – Acad. Med.Vet.
UFMG.
Palavras
chave: hiperadrenocorticismo,
hamster, trilostano, Mesocricetus auratus
O hamster sírio (Mesocricetus auratus)
é um “pet”
usual na clínica veterinária. O Hiperadrenocorticismo (HAC) ou Síndrome de
Cushing é uma patologia pouco diagnosticada nesses roedores. É vista geralmente
em animais entre 2 a 3 anos, afetando mais machos que fêmeas. A HAC ocorre pela
alta produção de cortisol pelas adrenais. O excesso dessa produção pode ser
causado por um aumento da glândula suprarrenal, ou alteração na glândula
pituitária10.
Em hamster, o HAC pode ser gerado por hiperplasia, adenomas ou carcinoma da
adrenal7,10.
Neles, a incidência de tumores espontâneos varia entre 4 e 50% ou mais em
animais com cerca de 2 anos, sendo os tumores no córtex da adrenal a maioria8.
Os sinais clínicos da HAC incluem alopecia bilateral simétrica,
hiperpigmentação, pele delgada, calcinose cutânea, poliúria, polidipsia e
polifagia7,10.
Sempre que possível o diagnóstico deve ser definido pelo aumento plasmático de
cortisol. Outros protocolos são uso de metirapona7,
mitotano, trilostano5
e cetoconazol10.
Um hamster de 3 anos foi consultado apresentando emagrecimento, polidipsia,
polifagia, alopecia bilateral ao longo do corpo, pequenas hiperpigmentações
bilaterais, flacidez e sensibilidade abdominal. O resultado dos exames
urinários foram negativo para glicose e a relação cortisol: creatinina urinária
de 5.492,33. Raspados de pele superficial e profundo negativo para
ectoparasitas. Foi prescrito trilostano (0,4 mg/Kg/SID/VO/q4 sem.). Após o
tratamento notou-se redução no consumo de água, melhoria nas condições da pele
e crescimento dos pelos. Passado 12 semanas não houve recidiva dos
sintomas mantendo um bom estado geral.
Alopecia e eritema são os sinais clínicos mais comuns em hamsters dermatopatas9.
Quando associadas a prurido podem ser de origem traumática e sem o mesmo,
sugere infecções bacterianas, fúngicas, demodicoses, viremias, endocrinopatias
e neoplasias. No caso exposto, a ausência de prurido associado aos outros
sintomas citados levou a suspeita de HAC. Alguns sintomas podem estar
associados a outras dermatopatias relacionadas a imunossupressão causada pela
doença, o que dificulta o diagnóstico. Os exames complementares para
diagnóstico são: raspados de pele, cultura fúngica, citologia, biópsia cutânea,
ultrassonografia e dosagem do cortisol plasmático. Porém, o diagnóstico não é
alcançado por muitos veterinários pela dificuldade em obter uma amostra de
sangue na quantidade necessária, então, a dosagem da relação cortisol:
creatinina urinária mostra-se como uma opção mais simples e menos invasiva para
descartar HAC, entretanto não tem uma sensibilidade próxima a 100%10.
O cortisol também pode ser aferido a partir de amostras de fezes e saliva1.
A excreção urinária acentuada de cortisol livre espelha a elevação do mesmo nos
fluidos extracelulares1,3.
Se não tratada a HAC leva ao óbito e mesmo com o tratamento o prognóstico é
reservado, pois geralmente ocorre em animais idosos, podendo haver infecções
secundárias (imunodeficiência) e comprometimento hepático pelo aumento do
cortisol10.
Imagens
1 e 2 -
Hamster no dia da primeira consulta com quadro de anorexia, alopecia bilateral
ao longo do corpo, pequenas hiperpigmentações bilaterais e flacidez abdominal.
Imagens
3 e 4 -
Após inicio do tratamento o animal apresentou melhoria nas condições da pele,
crescimento dos pelos e ganho de peso.
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