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sexta-feira, 1 de abril de 2016

HIPERADRENOCORTICISMO EM HAMSTER (Mesocricetus auratus) (RELATO DE CASO)


Artigo publicado no 40 Congresso da SZB
http://www.40congressoszb.com.br

HIPERADRENOCORTICISMO EM HAMSTER (Mesocricetus auratus)
 (RELATO DE CASO)
ORTIZ, M. C. 1, ALVES, R. H. C2,, TESTA, M. F3, SOUSA, C. R.4, LEMOS, R. L. O5
1 - Doutoranda em Zoologia na UFMG. 2- Med. Vet. Autônomo Dermatologista. 3 - Acad. Med.Vet. Newton Paiva. 4- Acad. Med. Vet. PUCMinas. 5 – Acad. Med.Vet. UFMG.

Palavras chave: hiperadrenocorticismo, hamster, trilostano, Mesocricetus auratus

O hamster sírio (Mesocricetus auratus) é um “pet” usual na clínica veterinária. O Hiperadrenocorticismo (HAC) ou Síndrome de Cushing é uma patologia pouco diagnosticada nesses roedores. É vista geralmente em animais entre 2 a 3 anos, afetando mais machos que fêmeas. A HAC ocorre pela alta produção de cortisol pelas adrenais. O excesso dessa produção pode ser causado por um aumento da glândula suprarrenal, ou alteração na glândula pituitária10. Em hamster, o HAC pode ser gerado por hiperplasia, adenomas ou carcinoma da adrenal7,10. Neles, a incidência de tumores espontâneos varia entre 4 e 50% ou mais em animais com cerca de 2 anos, sendo os tumores no córtex da adrenal a maioria8. Os sinais clínicos da HAC incluem alopecia bilateral simétrica, hiperpigmentação, pele delgada, calcinose cutânea, poliúria, polidipsia e polifagia7,10. Sempre que possível o diagnóstico deve ser definido pelo aumento plasmático de cortisol. Outros protocolos são uso de metirapona7, mitotano, trilostano5 e cetoconazol10. Um hamster de 3 anos foi consultado apresentando emagrecimento, polidipsia, polifagia, alopecia bilateral ao longo do corpo, pequenas hiperpigmentações bilaterais, flacidez e sensibilidade abdominal. O resultado dos exames urinários foram negativo para glicose e a relação cortisol: creatinina urinária de 5.492,33. Raspados de pele superficial e profundo negativo para ectoparasitas. Foi prescrito trilostano (0,4 mg/Kg/SID/VO/q4 sem.). Após o tratamento notou-se redução no consumo de água, melhoria nas condições da pele e crescimento dos pelos. Passado 12 semanas não houve recidiva dos sintomas  mantendo um bom estado geral. Alopecia e eritema são os sinais clínicos mais comuns em hamsters dermatopatas9. Quando associadas a prurido podem ser de origem traumática e sem o mesmo, sugere infecções bacterianas, fúngicas, demodicoses, viremias, endocrinopatias e neoplasias. No caso exposto, a ausência de prurido associado aos outros sintomas citados levou a suspeita de HAC. Alguns sintomas podem estar associados a outras dermatopatias relacionadas a imunossupressão causada pela doença, o que dificulta o diagnóstico. Os exames complementares para diagnóstico são: raspados de pele, cultura fúngica, citologia, biópsia cutânea, ultrassonografia e dosagem do cortisol plasmático. Porém, o diagnóstico não é alcançado por muitos veterinários pela dificuldade em obter uma amostra de sangue na quantidade necessária, então, a dosagem da relação cortisol: creatinina urinária mostra-se como uma opção mais simples e menos invasiva para descartar HAC, entretanto não tem uma sensibilidade próxima a 100%10. O cortisol também pode ser aferido a partir de amostras de fezes e saliva1. A excreção urinária acentuada de cortisol livre espelha a elevação do mesmo nos fluidos extracelulares1,3. Se não tratada a HAC leva ao óbito e mesmo com o tratamento o prognóstico é reservado, pois geralmente ocorre em animais idosos, podendo haver infecções secundárias (imunodeficiência) e comprometimento hepático pelo aumento do cortisol10






Imagens 1 e 2 - Hamster no dia da primeira consulta com quadro de anorexia, alopecia bilateral ao longo do corpo, pequenas hiperpigmentações bilaterais e flacidez abdominal.
Imagens 3 e 4 - Após inicio do tratamento o animal apresentou melhoria nas condições da pele, crescimento dos pelos e ganho de peso.

Referências Bibliográficas:
(1) ACCO, A. Mensuração Dos Níveis Séricos De Cortisol E De Lactato Desidrogenase Como Indicadores de Estresse Em Cutia. Curitiba: Unipar, 1998. P.33. (2) BENTLEI, P. J. Comparative Vertebrate Endocrinology. 2 Ed. NY: Cambrigde, 1982. 483 p. (3) DIRIO, R.; et al. Procedimentos Hormonais. 3. Ed. SP: CPD CRIESP, 1994. 315 p. p. 82-91. (4) GANONG, W. F. Rewiew of medical physiology. East Norwalk: Appleton & Lange, 1995. 881 p. P. 327-351. (5) JEPSON, L. Clínica de Animais Exóticos: Referência Rápida. 1. Ed. SP: Elsevier, 2010.  (6) MACHADO, F.J. Uso do Trilostano no Tratamento do Hiperadrenocorticismo Canino. POA: 2012, 4 p. P. 399-400. (7) PATEL, A. Dermatologia em Pequenos Animais. 1 ed. SP: Elsevier, 2010. (8) PESSOA, A. C. Rodentia – Roedores de Companhia (Hamster, Gerbil, Cobaia, Chinchila, Rato). In: Cubas, Z. S.; et al. Tratado de Animais Selvagens. SP: Roca, 2007. Cap. 28. p.472 (9) SUCKOW, M.A.; et al. The Laboratory Rabbit, Guinea Pig, Hamster, and Other Rodents. 1 Ed. Atlanta: ACLAM, 2012. (10) VARGA, M. Manual Of Exotic Pet And Wild Life Nursing. Illinois: BSAVA, 2012. 

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